Tinto, rouge, rosso, red, rojo, por que não?

O Amarante me perguntou “por que o vinho tinto brasileiro no centro do Wine In, quando nosso produto mais consagrado é o espumante?”

Como responder de forma definitiva uma pergunta que já me fizeram tantas vezes?

Respondi, mesmo sem a firmeza que gostaria poder ter. Logo Wine 2 Respondi que o vinho espumante não nos dá tantas dúvidas a respeito de seu futuro, pois seu potencial já foi tão claramente identificado que só resta melhor considerar como pode ganhar em escala a ponto de se tornar um bela produto de exportação. os Chandon Excellence, os Geisse, Angheben, Valduga, Aurora, Salton, Miolo, Pericó, Maximo Boschi e tantos outros estão para lá de testados e consagrados mundialmente, como uma das melhores vertentes borbulhantes das Américas, quiçá do mundo.

Respondi que o Wine In foi concebido para se repetir anualmente e entrar na agenda dos vinhateiros, enófilos, negociantes e formadores de opinião da área, o que nos permitiria focar nos espumantes ano que vem, se assim decidíssemos.

Depois de elogiar a sugestão pelo vinho espumante sem descartá-la, apenas adiando-a, reparei que tinha feito o mesmo com outros ilustres inquisidores como os da Embrapa, que fizeram a mesma consideração, “por que não começar com os espumantes?”

Respondi que a Wine In, sem qualquer outra avaliação, nasceu de um impulso a favor do vinho tinto, aquele que esta geração de consumidores que se formou agora, nos últimos 10 anos valoriza quase que exclusivamente o vinho tinto. Tanto que a importação de vinhos que atendem esta nova camada do tecido urbano é representado pelos vinhos tintos em algo em torno dos 80%, deixando para os brancos, rosados e espumantes 20% do conjunto.

Respondi que por conta das dificuldades logísticas e baixa escala de produção, além do tatear dos produtores sobre como o mercado se comporta nesta área, me levou sempre a pensar o vinho tinto, principalmente porque fui identificando – agradavelmente surpreso – que muito havia para degustar!

O número de rótulos superava os 50, com a maior facilidade. Se olhava para o Vale de São Francisco descobria vinhos tropicais de fazer frente a muitos outros vinhos deste gênero no mundo. Mas principalmente se olhava a partir de Sta Catarina para baixo, descobria um potencial inesgotável de vinhos  cada vez mais interessantes e, às vezes, de preço bom.

Tive esta certeza, quanto ao preço mais amistoso, quando conheci o Boscato Merlot, o Elo da Lidio Carraro, os Pequenas Partilhas da Aurora, o Salton Séries Cabernet Franc, os vinhos do Fabian, a segunda linha do Pizzato, os Fausto…

Veja, não se tratava mais de falar dos vinhos mais elaborados, com sofisticadas e caras vinificações. Eram vinhos simples que encantavam na boca e no bolso, longe daqueles que buscavam a glória dos grandes concursos mundiais. Porque estes de maior pretensão também apareciam como cogumelos, aqui e ali, se não em Flores da Cunha, na Campanha, se não lá em São Joaquim ou em Pinto Bandeira.

O que não certeza e continuo não tendo é se teremos condições de produzir em escala suficiente e com qualidade estável para nos tornarmos um player de peso no futuro do Novíssimo Mundo do Vinho, que vem recebendo outros tantos neófitos, a começar pela China que transforma em dinheiro e mercado internacional tudo, ou quase tudo que toca.

Em suma, minha resposta a favor de iniciar o processo Wine In pelos tintos sempre foi levado por certo deslumbramento confesso.

Minha defesa é que não estive só e nem me cerquei de xenófobos, dispostos a alçar o produto brasileiro só por conta de sua origem dentro do território nacional. Muitos me lideraram, outros tantos me seguiram.

É isso por enquanto. Bons vinhos, inclusive brasileiros!

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