Um compositor brasileiro vivido às margens do Sena decidiu fazer uma moqueca baiana com leite de coco, dendê e os restantes, para gente que não conhece o prato, gente em aventura transatlântica.
A verba? Em torno de R$40,00 a garrafa.
Fomos ao óbvio, mas caminhamos também por águas não tão límpidas.
O primeiro escolhido entre 4 rosados testados foi o Tremendus 2011, Clarete Garnacha e Viura, belo vinho, muito badalado para quem custa o preço certo.
Outro facilmente escolhido foi o champenoise da linha Fausto, o brut de entrada da Pizzato, que mostra saber não apenas de tintos como o campeão DNA99, mas trafega bem entre os espumantes.
Mas nem sempre o óbvio vence, o que dá ensejo a muitas outras alternativas. E óbvio era um vinho branco com alguma complexidade e um tom mais maduro. Um vinho que não fosse uma versão vínica para a cerveja preferida do brasileiro praiano – a Cerveja Estupidamente Gelada. Vinho do Vale Casablanca, sauvignon blanc, simples, jovem, ácida e cítrica.
Procurei um vinho que coubesse no dinheiro briefado mas que tivesse um quê diferenciado. Fácil seria escolher um vinho como o Quinta da Mieira, 100% Rabigato, ou um Côte du Rhone viaognier, mas o dinheiro era um pouco curto para estes.
Os primeiros escolhidos, Antão Vaz alentejano e um Orvieto foram descartados por serem avaliados como muito doces para a ocasião. Cai então neste Ciclos muito bem apresentado, um tanto mais caro do que deveria, mas um belo vinho… Igualmente vignonier, sugeri o Alamos Catena Zapata, por mais que o cliente torcesse o nariz para a marca. Como sabemos, o Alamos vem sendo prestigiado constantemente pela Wine Spectator, que lhe dá um honorável posto entre os 100 melhores best buys dos EUA. É verdade que a preferência sempre recai sobre o chardonnay… Por que não escolhi chardonnay na minha mistura, você pode se perguntar? Porque quem vinha para a tal moqueca era gente com referência francesa, a nacionalidade da maioria das pessoas. E servir uma uva que faz o possível para imitar a original para quem tem chablis e mesmo excelentes beaujolais brancos, sempre feitos de chardonnay na região de Chalon Sur Seine é covardia!
Léguas da obviedade, sugeri o Dádivas Pinot Noir da Lídio Carraro, vinho encantador, bem distante destas coisas que andam fazendo com a nobre uva da Borgonha, tratando-a como se fosse uma espécie de suco de uva chique. Quase como uma provocação, pedi que servisse também um Beaujolais Villages M. Picard, a
uma temperatura bem próxima dos 11 graus centígrados.