Deu no Wikipedia – Produção Integrada é a última palavra.

Ouço, cada vez mais perto, a cavalgada da tropa defensora dos produtos naturais correndo atrás dos vinhos que recomendo. Ouço com a calma de quem nada deve, muito pelo contrário. 

cavalariaNo meu caso, arrombam portas abertas porque importo vinhos portugueses que seguem a risca os preceitos da Produção Integrada, um passo adiante sobre a produção biológica. Ela não se restringe aos agro-tóxicos, controla rigorosamente e de modo constante os componentes da produção, em frentes que vão da sustentabilidade energética à salinidade da água usada na irrigação, do risco de deslizamento de terra ao tipo de relação mantida com os trabalhadores.

Quinta dos TermosProdução Integrada é o nome do sistema agrícola que elege recursos e mecanismos de regulação natural ao tempo que despreza fatores de produção prejudiciais ao ambiente, de modo a assegurar – a longo prazo – uma agricultura viável, sustentável. Significa preservar e melhorar a fertilidade do solo e da biodiversidade, sem desviar o olhar para os critérios éticos e sociais, com um planejamento abrangente e análises periódicas no cultivo, acompanhamento de campo etc.

ErosãoExige plano de exploração, de conservação do solo, de fertilização,  de método de rega. Olha para a saúde do agricultor e do consumidor, exige constante atualização nos procedimentos agrícolas e permite atenção constante não apenas na preservação do meio ambiente – contando com a fertilidade do solo e a biodiversidade deste – como pretende garantir a estabilidade de ecossistemas e, além de tudo isso, olhar para o mercado, apresentar produtos atrativos e a preços competitivos.

Exemplos de produção sem defensivosSignifica que não há plano genérico, há planos específicos, um a um, envolvendo rotação de culturas, plano de colheitas, escolha de fontes de energia, sempre de acordo com a história local, o manejo, a vocação, a complementariedade mercadológica etc.

A holística olha também para os lados, sugere e planeja a produção dos vizinhos.

Fertilizantes orgânicos, minerais e organismos vivos, são priorizados e produtos fitofarmacêuticos são utilizados apenas quando homologados.

rufeteOs vinhos da Quinta dos Termos, aqueles que ando falando tanto, aqueles que eu trouxe da Beira Interior de Portugal, aqueles feitos com uvas Rufete, Marufo, Jaen, Touriga Nacional, Tinta Roriz e Trincadeira, mas também feitos com Fonte Cal, Síria, Syrah, Sangiovese e Petit Verdot tem a certificação de Produção Integrada.

Estou convencido que usar defensivos agrícolas indiscriminadamente é crime de lesa-humanidade, burrice agro-industrial, ignorância suprema.

Por último, no entanto, é preciso olhar para as particularidades da produção do vinho como ferramenta anciã de alimentação, que muito sofre com umidade climática e devida falta de insolação, particularmente em países de produção tradicional, onde o vinho é componente fundamental da cultura agrícola, pois ocupa a produção possível em determinados solos pobres e agrestes, como os que se encontra em certas encostas onde apenas o vinho frutifica. Ou então em regiões tão extraordinárias como as de Bordeaux, onde o solo é infestado por fungos constituintes do sistema ecológico local… Ou então a micro-produção em regiões de clima imprevisível que pode perfeitamente botar a perder toda uma safra e a consequente economia dos produtores, se levar a termos definitivos o não uso de defensivos agrícolas. Aqui, mais uma vez, a Produção Integrada sugere planos alternativos, traz à luz o estado da arte na cultura naquelas condições especiais.

Nesta questão, inclui-se os conservantes do produto final, que deve ser limitado às conclusões de seus malefícios, porque ainda não inventaram substitutos válidos e quando simplesmente dispensam sulfitos e outros fatores químicos de conservação, o ciclo de vida do vinho engarrafado torna-se quase inviável, valendo para poucos meses, até semana, dependendo do caso…

Finalizando, que me desculpem então os bio-dinâmicos, os anti-defensivos agrícolas, os agriculturalmente corretos, os anti-mutações genéticas, os vegas, os slowfoodistas, os Catastrofistas Unidos, os Maquiavélicos Anarco-Sindicalistas, os internacionalistas das 1ª, 2ª, 3ª e 4ª versões e todos aqueles que querem preservar, produzir e consumir ao mesmo tempo de modo cada vez mais saudável.

Mas a Produção Integrada é a sua última palavra.

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