Senhoras e Senhores, com vocês mais um artigo meu.

Se existe uma coisa que nasceu com o boom do vinho dos últimos anos é esta necessidade de saber o nome da uva com a qual foi feito o líquido daquela garrafa.

Entre jovens, não é raro o confronto entre aqueles que amam um “Pinot Noir”, disputando conhecimento com outros que não podem viver sem “Malbec”.

Mas a uva é muito pouco, tem o jeito de fazer, as ferramentas de laboratório, os métodos de trabalhar a uva, desde o campo até a comercialização.

Ou seja, não é porque você gostou de um vinho de determinada procedência feito de determinada uva que você vai gostar de outro similar.

Ai entra também a mão e os objetivos do produtor.

De repente, ele tem uma terra enorme e produz para exportar para os EUA, atendendo o gosto de lá por vinhos mais frutados e de bom preço. Ou, ao contrário, ele tem uma fazenda pequenina, comercializa para poucos distribuidores, faz tudo artesanal como se estivesse no século XIX… A uva pode ser a mesma, o vinho não será nem sequer parente. Para ir mais longe, serão muito mais distantes entre si do que de vinhos cuja produção é similar, apesar de uvas diferentes.

Outro dia mesmo, numa confraria de velhos degustadores tomei um vinho argentino muito importante, o Achaval Ferrer Malbec. Ninguém de nós reconheceu a uva que lhe dava nome, pois o vinho foi tratado de um modo inédito, ao menos desconhecido do grupo. E o vinho era excelente, como costumam ser todos feitos pela vinícola, não tinha qualquer daqueles toques que costumam caracterizar um Malbec comum, desde a fruta em compota até o álcool, muitas vezes em excesso.

O mundo do vinho andou e hoje o consumidor decide a compra a começar pela uva. Antes se respaldava numa garantia de bom produto, de tipicidade de produção regional. Quando seu pai abria um Chianti Classico, por exemplo, ele nem sabia que uva era, nem fazia questão de ter ouvido falar do produtor, mas bastava ser Chianti Classico e o resultado na taça atendia a expectativa.

Fica aqui o aviso – não compre o vinho apenas pelo Malbec, pelo Carmenère ou Cabernet Sauvignon que ele contém, pois são milhares as boas uvas. Não se feche numa uva porque ela é apenas uma porta de identificação no mundo do vinho, que contêm tantas opções quanto as refeições que restam em nossas vidas.

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