Numa degustação do meu grupo (26º Encontro mensal), que já teve vários nomes, mas que hoje tende a se chamar Confraria WineCoachBR, foram chamadas a se apresentar em fila sete vinhos tintos da Terrinha além-mar:
O Quinta da Romaneira e o Quinta do Padrela representando o Douro;
O Herdade de Peso e o Atlantico – São Miguel Descobridores Reserva pelo Alentejo;
O Opta Reserva e o Quinta do Perdigão Alfrocheiro, pelo Dão;
E finalmente o meu Beira do Interior, o Reserva do Patrão da Quinta dos Termos.
Como sempre, a degustação se deu num restaurante que tivesse a ver com a origem dos vinhos.
O local escolhido desta vez foi o Tasca do Arouche, que nos atendeu muito bem e fartamente, como sempre:
Bolinhos de bacalhau, croquetes de carne, risoles de camarão abriram os serviços com os dois brancos – o Alvarinho Via Latina, que por ser produto da VerCoop custa muito menos do que produtos similares; e o já famoso (de tanto que eu venho divulgando) Quinta da Mieira, o sucesso de sempre por onde passa!
Seguindo um modelo estabelecido, a degustação às cegas foi feita sem comida e com comida, apresentando – como sempre – resultados móveis, para cada fase.
Diferente de sempre, fizemos 2 avaliações na fase com comida, por conta do conteúdo do menú – Bacalhau Beneditine (brandade), Bacalhau da Tasca e Cordeiro da Tasca, sendo que os preparos do peixe ficaram na primeira avaliação e o cordeiro foi deixado sozinho na segunda.
Em primeríssimo lugar o Alfrocheiro da Quinta do Perdigão um Dão que recebeu 16 indicações para 1º ou 2º lugar nas 3 fases. Em segundo, empatados com a metade das indicações, o pontuadíssimo Quinta da Romaneira (Touriga Nacional e Franca +de 92 do RP) e o ótimo custo/benefício o Opta Reserva das Boas Quintas (Touriga Nacional, Alfrocheiro, Tinta Roriz).
Já sabíamos, tínhamos várias provas seguidas que nem só das Tourigas, Trincadeiras, Aragonês e outros vivia o vinho tinto português, tão apreciado com suas produções no Douro, no Dão, em Bairrada e até no Alentejo, como demonstraram recentemente a Baga e a Rufete. Já sabíamos da ótima acolhida que Portugal vinha dando para uvas internacionais, particularmente para a Syrah, em se tratando de tintos…
Mas a Alfrocheira destacou-se demais. Ignorância nossa, como se pode ver pelo comentário que reproduzo, do site Wines Of Portugal:
“A casta Alfrocheiro encontra o seu território natural na região do Dão,… É uma casta vigorosa, necessitando de atenção redobrada para controlar o vigor,… Produz vinhos ricos em cor, com um notável equilíbrio entre álcool, taninos e acidez. É essa notável capacidade para reter a acidez elevada, aliada à presença generosa de açúcares, que a torna tão oportuna nas terras do Sul. Aromaticamente sobressaem os aromas a bagas silvestres, com destaque particular para a amora e o morango maduro. Por regra, dá forma a vinhos de taninos firmes mas delicados e estruturantes”.
Ignorância com o que acontece de novo, no mundo do vinho que se renovou tanto e tirou do bolso do colete condições enológicas modernas para propor autonomia e identidade a uvas como esta que só existia para vinhos simples ou para complemento de corte com uvas mais nobres.
O jantar se estendeu até a sobremesa, um pouco para nos dar a chance de brindar o acontecimento com outra estranheza vínica – um simples e delicioso Real Companhia Velha Moscatel! Simples, barato e muito bonito na sua cor de vinho rosé!