10 anos de Vinci. Veni,vidi,vici?

logo VinciA Vinci nasceu oficialmente, porque a Mistral não queria descartar certos produtores que eram concorrentes diretos, a disputar dentro de casa um mesmíssimo nicho de mercado em preço, qualidade, prestígio e volume. Isso jamais valeu para os grandes italianos e franceses que se acotovelam gentil e elegantemente em suas prateleiras, mesmo que um Chapoutier, um Catena Zapata, um Lapostolle não tenham rivais diretos,  como os seus catálogos provam a cada edição.

Diziam também, extra oficialmente, que a Vinci permitiria um ataque direto a canais que a Mistral sempre se distanciou, particularmente supermercados… O que parece não ter ocorrido.

10 anos se passaram e aí está a Vinci, apresentando um Portfolio de bom valor, uma das melhores importadoras do Brasil.

Casa MarinAcomodou perfeitamente a Luca (Laura Catena) e a Casa Marin, que somam com Kaiken, O Fornier, Clos de l’Oratoire des Papes, Morgadio da Calçada (Dirk Niepoort), Castellare di Castellina, CVNE, La Posta, Fontodi, Errazuriz e tantos outros num portfólio de respeito.

Vinho quando não é excepcional é commodity. Depende de quanto representa certa tendência de mercado, certa região demarcada, certo preço compatível com o que os outros importadores apresentam. A mescla procurada pelos caçadores de produtores do mundo é o de distinção e preço, o que faz da Vinci uma empresa competitiva.

Não por acaso, na degustação comemorativa desta semana, a Vinci mostrou vinhos de fácil aceitação como um Primitivo Puglia, uma denominação a meio caminho da ligeira de Salento e da pesada de Manduria. Nos mostrou da CVNE de Rioja não apenas o fantástico out of stand Imperial, mas um Crianza a preço razoável de US$38,
IMG_2469Pudemos saborear um Chateaneuf du Pape como o Caos de L’Oratoire logo depois de conhecer um Cahor Le Palombier de G.Vigouroux de US$18, bem melhor, aliás, que Pigmentum, 100% Malbec de US29, muito mais pretensioso.

A Casa Marin estava voando com Sauvignon Gris, mas o Luca Chardonnay fez tão boa figura quanto, com tipicidade e boa concentração, mostrando que a família sabe bem como tratar um chardonnay (o Alta Catena é talvez o melhor da América Latina, rivaliza com os melhores da Casa Marin).

Para meu prazer, pude constatar minha admiração pela Casa Marin de várias formas, seja na linha Lo Abarca, seja na Cartajena. Pude ver belos vinhos franceses acessíveis, coisa nem sempre comum, particularmente este Palombier de Cahor e um Borgonha genérico do C. Corton C que mostrou singelamente como deve ser um vinho com esta uva mágica, a Pinot Noir.Borgonha

Foi possível o Irmão Unidos da Cave São João, que já tinha me impressionado com seu corte com Bical em outra oportunidade. Me surpreendi com o Kaiken Torrontés, muito agradável para ser desta uva tão difícil de se fazer bem feito.

Pena que a Pinot Noir da Oyster Bay estivesse ocupando um lugar que poderia bem ser de seus dois brancos e mesmo do ótimo Merlot. Minha crítica a este vinho rendeu um artigo, cujo título provocativo era algo como “Porque comprar um vinho que custa 20% mais e vive 20% menos?”…Eu que sou sempre fã da uva borgonhesa não vejo graça neste da Nova Zelândia, que o mundo paga o maior pau.

Gostei de conhecer, mas não gostei do que conheci numa taça de um vinho de Mencia, o Señorio de la Antigua, que tanto impressionou os críticos da WS e da WE. Não desceu.

Mas o geral é que importa, saber que a Vinci tem vários bons vinhos competitivos e confirmar seus excelentes ícones valeu comemorar os 10 anos de Vinci com esta modesta reportagem.

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