O mais novo Juriássico ganhou
Tirando o chardonnay, o vinho branco escalado para abrir os serviços, o
Rayzes Casa Valduga 2010 – CS,CF e Tannat – levou a degustação do mês, que tentou reunir vinhos do milênio que já passou, mas que acabou tendo uma média 2003, o que é bem razoável, para o nosso objetivo, que era adentrar com o nebuloso ou, ao menos polêmico tema da longevidade do vinho.
Concorreu nas taças contra dois de 2005, um Almadén Tannat-Merlot e um murcho Pinot Noir Familia Bettù, além três de 1999: Lovara CS, um Marson Reserva CS e Baron de Lantier Grand Millesime CS.

Nenhum surpreendeu positivamente, como estávamos torcendo para que acontecesse.
No entanto, os três cabernet sauvignon de 24 anos, mostraram certa garra, com ainda alguma vida, principalmente no retro-gosto e na delicada complexidade, mas tinham passado do ponto ou apresentaram algum defeito sanitário. Vivo de verdade, um vinho que se apresenta com toda a qualidade que se espera desde o olhar, passando pelo olfato e se se completando na boca, o Casa Valduga mostrou seus valores, desde o primeiro contato, sendo unanimidade.
Alguém ponderou – a amostra do Lovara e do Tannat- Merlot teriam rendido mais, se tivessem respirado mais, porque cresceram com um descanso na taça. Isso nos alertou para o fato de que, apesar de serem vinhos nada jovenzinhos, podiam agir como determinados grandes vinhos do século que já passou.
O debate sobre a importância da longevidade no mercado mundial teve de tudo, só não teve dedo em riste, porque somos todos amigos e respeitamos – em termos – a opinião do outro, por mais que reconheçamos a disparidade de conhecimento entre os integrantes da turma, que tem uma litragem considerável e um acumulado de cursos e até cátedra no assunto.
Pra mim, fica sempre uma coisa que diz respeito à mercadoria que o vinho é. Por mais que 90% dos vinhos vendidos são consumidos rapidamente, por mais que se produza focando este consumidor, o mercado valoriza e nunca deixará de valorizar, vinhos que continuam altivos conforme a idade passa, principalmente vinhos que superam qualquer prognóstico, vide o caso de decantada vertical do Grange Penfold, que pôs nas taças de degustadores convidados, mundo afora – como a Jancis Robison – para provar todas as safras, de 1955 a 2005 e que, segundo a Jancis, não havia nenhuma amostra que merecesse menos de Muito Bom, sendo que a maioria merecia uma nota Excelente.
Afinal, este valor de mercadoria – pois o que você pagou por uma obra de arte, seja uma que se pendura na parede, seja uma que se guarda na adega – deveria valer mais e não menos, conforme o tempo passa.