Este gradiente é enganoso, leva a opiniões erradas, imprecisas. Estas uvas são passíveis de vinificações que as colocam em outra posição.
Por exemplo, pouco tempo atrás tomei dois Pinot Noir – um da Borgonha, Domaine Pedrix – campeão em Londres de um concurso com Pinot Noir do mundo inteiro – outro o argentino Salentein Premium.

Ambos fugiram da tipicidade, suas uvas foram colhidas além do tempo, ganharam forte intensidade, perderam as características identitárias.
Ao contrário, Merlot, Barbera, Tempranillo, Valpolicella transitam pelas cores.

O melhor exemplo é o do Valpolicella – nasce ralinho, o Valpolicella genérico. Encorpa quando é Classico. Encorpa mais, ganha álcool e cor quando é Reserva. Torna-se mais parrudo quando é Ripasso di Valpolicella. Para se tornar Amarone di Valpolicella, o vinho tradicional mais alcoólico, mais escuro e intransparente de todos.

Semelhante aos Zifandel, aos Primitivo (Salento, Puglia, Manduria), Nebiolo (Langhe, Barbaresco, Barolo, Sfurzat) etc. Na ânsia de padronizar, de classificar, comete-se muito mais merda do que acerto.


Aí vai um pouco de historia e especulação comercial – para ressaltar a qualidade indiscutível dos grandes do Piemonte, demorou para que alguém desse à Barbera o mesmo tratamento em planta e cantina que se dá para ao Barolo. Enquanto um tornou-se matriz de grandes vinhos o outro andou se popularizando, através de sua versão Langhe Nebbiolo.
